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O registro parece não ser reconhecido como expressão da imagem do cuidado de enfermagem, mas como atividade burocrática que o enfermeiro pode ou não executar. A execução está diretamente relacionada com as atividades e a dinâmica do setor. Se o plantão está "calmo", o registro é realizado; se está "agitado" ele não é executado, indicando que não há priorização ou esforço para a sua realização. Ademais, os enfermeiros indicam o excesso de trabalho e a falta de tempo como fatores contribuintes à inexistência ou inconsistência dos seus registros. Definiu-se como objetivo geral avaliar os registros dos enfermeiros, considerando o gerenciamento do tempo, a carga de trabalho e a priorização de atividades no processo de trabalho em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Os objetivos específicos foram: Demonstrar a distribuição do tempo desprendido pelos enfermeiros em intervenções de cuidados prestados de forma direta e indireta e em atividades associadas e pessoais, identificando as ações prioritárias em seu processo de trabalho; descrever a carga de trabalho dos enfermeiros, segundo o Nursing Activities Score (NAS) e avaliar os registros dos enfermeiros das Unidades de Terapia Intensiva. Trata-se de uma pesquisa avaliativa realizada nas Unidades de Terapia Intensiva de dois hospitais universitários no estado do Rio de Janeiro. A coleta de dados foi realizada após autorização dos Comitês de Ética em Pesquisa, com demarcação de três momentos. No primeiro momento, se realizou o levantamento do tempo desprendido pelos enfermeiros nas intervenções/atividades, por meio da técnica de observação e da utilização de instrumento validado. No segundo momento realizou-se o levantamento da carga de trabalho dos enfermeiros, por meio da aplicação do Nursing Activities Score (NAS). No terceiro momento realizou-se a avaliação dos registros dos enfermeiros no prontuário do cliente. Após a análise dos dados separadamente, os resultados foram triangulados com vistas ao alcance do objetivo geral desta pesquisa. O mapeamento da distribuição do tempo dos enfermeiros mostrou que na UTI A, 19,8% do tempo dos enfermeiros foram dedicados às intervenções de cuidado de forma direta, 26,9% para cuidados de forma indireta, 10,1% às atividades associadas e 43,2% às atividades pessoais. Na UTI B, 20,5% do tempo foram dedicados às intervenções de cuidados diretos, 34,7% aos cuidados indiretos, 8,3% às atividades associadas e 36,5% às atividades pessoais. A produtividade foi de 56,8% e 72,3%, nas UTIs A e B, respectivamente. O escore médio geral do NAS foi de 61,1% e 61,6% nas UTIs A e B, respectivamente. Na UTI A, a equipe de enfermagem trabalhou com sobrecarga em um plantão diurno e um plantão noturno, enquanto na UTI B, a equipe de enfermagem trabalhou com sobrecarga em 10 plantões diurnos e em 18 plantões noturnos. Na avaliação dos registros dos enfermeiros, mais de 90% receberam a pontuação 2, ou seja, incompletos e não atendem aos padrões determinados pela Resolução nº429/2013 do COFEN. Os resultados da comparação dos dias de sobrecarga com os dias sem sobrecarga mostraram que independente da carga de trabalho do dia, os registros não apresentam mudança significativa em seu conteúdo e mostram-se incompletos, segundo a avaliação baseada na Resolução nº429/2012. Portanto, o resultado final confirma a tese de que os registros não são priorizados pelo enfermeiro quando gerencia o tempo em seu processo de trabalho, independente da carga de trabalho. |
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